No dia 08 de dezembro de 2006 aconteceu a entrega do 5º Prêmio Rival Petrobras de Música, no Teatro Rival Petrobras, no Centro da Cidade Maravilhosa.
A partir das 19 horas a Rua Álvaro Alvim – Cinelândia foi tomada pela grande COMPANHIA BRASILEIRA DE MYSTERIOS E NOVIDADES.
Com seu teatro de rua musicado, literalmente nas alturas (sobre pernas de pau), a Companhia se apresentou na calçada do Teatro Rival Petrobras, evocando os compositores que estiveram intensamente presentes na vida de Aracy, como Noel Rosa, Assis Valente, Ary Barroso, Ismael Silva e Lamartine Babo.
Através de personagens do Rio Antigo e danças do imaginário brasileiro, transitou entre o sagrado e o profano de nossa cultura.
A “Aparição de Nossa Senhora da Conceição”, esquente circense inédito da Companhia foi encenado especialmente para o evento.
O GALOCANTÔ, grupo de roda de samba dos mais importantes na nova geração, cantou sambas do anos trinta, quarenta e cinquenta, nos bares da Álvaro Alvim, criando um ambiente do tempo da Aracy de Almeida.
Não só o repertório da Aracy foi mostrado, mas todos os sambas que marcaram estas décadas.
Ao final do espetáculo de premiação no Teatro Rival Petrobras, o público foi recebido pela banda do CORDÃO da BOLA PRETA, outro marco importante do cenário cultural da cidade nas referidas décadas, que com suas marchinhas encantou os presentes noite adentro, na grande celebração da Música Brasileira.
Indicados:
Cantor: Bebeto Castilho – Biscoito Fino – “Amendoeira”; Renato Braz – Biscoito Fino – “Por Toda a Minha Vida”; Tantinho da Mangueira – Selo Independente – “Tantinho, Memória em Verde e Rosa.”
Cantora: Alaíde Costa – Lua Music – “Voz e Piano” ; Jussara Silveira – Maianga Discos – “Entre o Amor e o Mar/Nobreza”; Paula Santoro – Biscoito Fino “Paula Santoro”.
Grupo Musical: Casuarina – Biscoito Fino – “Casuarina” ; Dona Zica – Elo Music – “Filme Brasileiro” ; Mombojó – Trama – “Homem Espuma”.
Compositor: Aldir Blanc – Lua Music – “Vida Noturna”; Délcio Carvalho – Olho do Tempo – “Profissão compositor”; Luis Carlos da Vila – Musart Music – “Um Cantar a Vontade”.
Arranjador: Gilson Peranzzetta – Biscoito Fino – “Casa Forte”; Laércio Freitas – Kuarup – “Remexendo”; Monique Aragão – Delira Música – “Suítes do Rio”.
Grupo Instrumental: Hamilton de Holanda Quinteto – Biscoito Fino – “Brasilianos”; Galo Preto – Rob Digital – “30 anos” ; Os Matutos – Biscoito Fino – “Os Meninos de Cordeiro”.
Instrumental Solo: Hamilton de Holanda – Biscoito Fino – “Brasilianos”; Luis Marcel Powel – Rob Digital – “Aperto de Mão”; Raul de Souza – Biscoito Fino – “Jazzmim”.
Produtor Artístico: Marcelo Camelo e Kassin – Biscoito Fino – “Amendoeira”; Tim Rescala – Biscoito Fino – “Contos, Cantos e Acalantos”; Zé Renato Biscoito Fino – “Forró pras Crianças”.
Tributo: Fátima Guedes – Rob Digital – “Outros Tons”; Maurício Tapajós – CPC Umes – “Sobras Repletas”; Zé da Velha e Silvério Pontes – Biscoito Fino – “Só Pixinguinha”.
Atitude: José Mauro Brant – Biscoito Fino – “Contos, Cantos e Acalantos”; Moacir Luz; Tantinho da Mangueira – Selo Independente – “Tantinho, Memória em Verde e Rosa.”
Excelência: Chico Buarque; João Donato; Olívia Hime. Embaixador da MPB: Cansei de Ser Sexy – CSS; Ivan Lins; Marcos Valle.
O show da premiação teve direção geral e roteiro de Tulio Feliciano e direção musical de Paulão Sete Cordas.
A Banda que acompanhou o grande show de premiação foi formada por Paulão Sete Cordas, no violão de sete cordas; Fernando Merlino ao piano; Omar Cavalheiro no baixo acústico; Eduardo Neves nos sopros; Luciana Rabelo no cavaquinho e Celsinho Silva e Paulino na percussão.
Abaixo o roteiro musical do show de premiação e as intérpretes:
MART’NÁLIA
FILOSOFIA – Noel Rosa
PALPITE INFELIZ – Noel Rosa
ANA COSTA
VOCÊ É UM COLOSSO – Noel Rosa
RAPAZ FOLGADO – Noel Rosa
MARIANA BERNARDES
PELA DÉCIMA VEZ – Noel Rosa
SÉCULO DO PROGRESSO – Noel Rosa
NILZE CARVALHO
CONVERSA DE BOTEQUIM – Noel Rosa/Vadico
MANGUEIRA – Assis Valente / Zequinha Reis
ROBERTA SÁ
NÃO ME DIGA ADEUS – Luís Soberano/J. Correia da Silva / Paquito
FEITIÇO DA VILA – Noel Rosa / Vadico
THALMA DE FREITAS
NÃO TEM TRADUÇÃO – Noel Rosa
CAMISA AMARELA – Ary Barroso
OLÍVIA BYINGTON
MENINA FRICOTE – Marília Batista / Henrique Batista
QUANDO TU PASSAS POR MIM – Antonio Maria / Vinícius de Moraes
MARIANA BALTAR
FEZ BOBAGEM – Assis Valente
LOUCO – Wilson Batista / Henrique de Almeida
LEILA PINHEIRO
PRA QUE MENTIR – Noel Rosa / Vadico
TRÊS APITOS – Noel Rosa
DORINA
X DO PROBLEMA – Noel Rosa
ÚLTIMO DESEJO – Noel Rosa
POTPOURRI TODAS AS INTÉRPRETES
COM QUE ROUPA – Noel Rosa
O ORVALHO VEM CAINDO – Noel Rosa / Kid Pepe
COISAS NOSSAS – Noel Rosa
ARACY (Filme em Telão)
FEITIO DE ORAÇÃO – Noel Rosa / Vadico
TODAS JUNTAS
TENHA PENA DE MIM – Ciro de Souza / Babahu de Mangueira
Os Premiados:
Cantor – Renato Braz Cantora – Jussara Silveir Grupo Musical – Casuarina Compositor – Aldir Blanc Arranjador – Laércio Freitas Grupo Instrumental – Galo Preto Instrumental Solo – Marcel Powell Produtor Artístico – Marcelo Camelo e Kassin |
Tributo – Zé da Velha e Silvério Pontes Atitude – José Mário Brant; Revelação – Ana Costa Excelência – Olívia Hime Embaixador MPB – Marcos Valle Aval do Rival – Tantinho da Mangueira Aclamação – Luis Carlos da Vila Grande Homenageado – Antonio Adolfo |
A Homenageada – Aracy de Almeida, carioca, suburbana do Encantado.
Apesar de filha de protestantes, sempre se encantou com o som do batuque da macumba que ouvia na infância.
Nos anos trinta começou a sua vida de sambista.
Num encontro com Noel Rosa na Taberna da Glória, foi inaugurada a maior parceria de um compositor e uma cantora de que se tem notícia até hoje.
Dele, ela gravou quase toda a obra. Ou seja, a obra dos dois se confundiu.
Mas seguiu adiante: virou o samba em pessoa.
Boêmia, conheceu profundamente todos os compositores de sua época, os “pilantras” como ela carinhosamente os classificava, com quem passava as noites nas mesas dos bares da cidade, tomando “umas e outras” e descobrindo pérolas da nossa música popular.
De gosto requintado, fez-se amiga de grandes poetas e pintores: frequentou Vinícius de Moraes, Antonio Maria e Di Cavalcanti.
Esta homenagem que o Prêmio Rival prestou à Aracy é também um tributo ao samba, por ter sido ela uma das maiores intérpretes deste universo sonoro que é a cara do Rio de Janeiro.
Sua estrada, do Encantado à Lapa, de Vila Isabel à Copacabana, foi mostrada pelas vozes de dez novas grandes damas do samba.
Aliás, o samba sempre teve grandes intérpretes femininas, tradição esta que parecia quebrada nos últimos anos, mas que ressurge com uma vibração infinita: de todos os pontos da cidade surge hoje uma nova sambista (com o mesmo sangue nas veias, como diria Cartola).
E são elas que reviveram Aracy no palco do Rival.
Ana Costa, Dorina, Mariana Baltar, Mariana Bernades, Mart’nália, Nilse Carvalho, Leila Pinheiro, Olívia Byington, Roberta Sá, Thalma de Freitas: ao contrário do que se supunha, o matriarcado continua no samba. Com a benção de Aracy.